Cachorro se coçando demais? Descubra se é só alergia ou algo mais sério

Aquela Coceira que Não Para: Quando a Preocupação Começa

Ver seu amigo de quatro patas em um ciclo interminável de coçar, lamber e morder a própria pele é, sem dúvida, angustiante para qualquer dono. Uma coçadinha eventual é normal, mas quando o cachorro se coçando muito se torna a regra e não a exceção, é um sinal claro de que algo está errado.

Portanto, entender as causas por trás dessa coceira excessiva é o primeiro e mais crucial passo para aliviar o desconforto do seu pet e identificar se o problema é “apenas” uma alergia irritante ou um sintoma de algo potencialmente mais grave. Afinal, ignorar esse sinal pode levar a lesões de pele, infecções secundárias e um sofrimento prolongado para o animal.

Veterinária coçando intensamente  ocachorro, ilustrando a preocupação com as causas da coceira excessiva

Este guia foi elaborado exatamente para te ajudar a navegar por essa questão complexa. Primeiramente, vamos explorar por que os cães se coçam e como diferenciar um comportamento normal de um problema real. Em seguida, mergulharemos nas causas mais comuns da coceira intensa, desde os suspeitos habituais, como pulgas e alergias, até condições menos óbvias. Além disso, destacaremos os sinais de alerta que indicam que a coceira pode ser um sintoma de doenças graves. 

Por fim, abordaremos como o veterinário chega ao diagnóstico e quais são as opções de tratamento e prevenção. Em suma, prepare-se para entender a fundo as causas do cachorro se coçando muito e como agir.

Coceira Normal vs. Prurido Problemático: Entendendo a Diferença

É fundamental distinguir a coceira normal daquela que indica um problema. De fato, todos os cães se coçam ocasionalmente. Pode ser para aliviar um ponto específico, remover um pelo solto, ou até mesmo como um comportamento deslocado em momentos de leve estresse ou tédio.

cachorro triste tomando banho pois está cheio de coceira.

Contudo, a coceira se torna um problema – tecnicamente chamada de prurido – quando:

É Persistente ou Frequente: 

  • O cão passa grande parte do dia se coçando, lambendo ou mordiscando a pele, mesmo que em intensidade variável.

Interfere nas Atividades Normais: 

  • A coceira é tão intensa que atrapalha o sono, as brincadeiras, a alimentação ou a interação com a família.

Causa Lesões na Pele:

  •  O ato de coçar leva a vermelhidão, arranhões, feridas, crostas, perda de pelo (alopecia) ou espessamento/escurecimento da pele (hiperqueratose/hiperpigmentação).

Está Associada a Outros Sinais:

  •  Como odor forte na pele, descamação, pústulas (bolinhas de pus), ou outros sintomas gerais como apatia ou perda de apetite.

Muda o Comportamento do Cão: 

  • O cão parece irritado, ansioso ou estressado devido ao desconforto constante.

Se você observa um ou mais desses sinais, a coceira do seu cachorro deixou de ser “normal” e precisa ser investigada. Assim sendo, ignorá-la não é uma opção.

Desvendando as Causas do Cachorro se Coçando Muito: Os Suspeitos Mais Comuns

Quando um cachorro se coça demais, a lista de possíveis culpados é extensa. No entanto, algumas causas são significativamente mais frequentes do que outras. Compreender essas causas comuns é essencial.

cachorro mostrando sua pata com coçeira para seu dono

Invasores Invisíveis: Parasitas Externos

  • Pulgas: Frequentemente a causa número um! Muitos cães desenvolvem Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP), onde uma única picada pode causar dias de coceira intensa, especialmente na região traseira do corpo (lombar, base da cauda, coxas). Mesmo que você não veja as pulgas, elas podem estar presentes.
  • Carrapatos: Embora mais conhecidos por transmitirem doenças sistêmicas, a picada do carrapato em si pode ser irritante e causar coceira localizada.
  • Ácaros (Sarnas):
    • Sarna Sarcóptica (Escabiose): Causa coceira excruciante, altamente contagiosa (inclusive para humanos). As lesões típicas aparecem nas bordas das orelhas, cotovelos, peito e barriga.
    • Sarna Otodécica (Ácaro de Orelha): Causa coceira intensa dentro e ao redor das orelhas, com produção de secreção escura semelhante a borra de café.
    • Sarna Demodécica (Demodicose): Geralmente causa falhas de pelo e vermelhidão, mas a coceira só costuma ser intensa se houver infecção bacteriana secundária.

Reações do Corpo: Alergias Diversas

  • Dermatite Atópica (Alergia Ambiental): Uma das causas do cachorro se coçando muito mais diagnosticadas. É uma predisposição genética a desenvolver reações alérgicas a substâncias comuns no ambiente, como ácaros da poeira, pólen de plantas, mofo, etc. A coceira geralmente afeta patas, rosto, orelhas, axilas e barriga, e costuma ser sazonal (pior em certas épocas do ano) ou perene.
  • Alergia Alimentar: Uma reação a um ou mais ingredientes da dieta, quase sempre uma proteína (carne, frango, leite, soja, etc.). A coceira pode ocorrer em qualquer parte do corpo, não costuma ser sazonal, e pode vir acompanhada de problemas gastrointestinais (vômitos, diarreia, gases) e otites (inflamação de ouvido) recorrentes.
  • Dermatite de Contato: Reação alérgica a algo que entra em contato direto com a pele, como produtos de limpeza, tecidos, coleiras, shampoos, plantas. A coceira e as lesões ficam restritas às áreas de contato.

Invasão Oportunista: Infecções de Pele Secundárias

  • Piodermite (Infecção Bacteriana): Frequentemente ocorre como complicação de alergias ou outras doenças de pele que causam coceira e lesões. As bactérias (geralmente Staphylococcus) se aproveitam da pele danificada e causam pústulas, crostas, vermelhidão, perda de pelo e mais coceira.
  • Dermatite por Malassezia (Infecção Fúngica): Malassezia é uma levedura normalmente presente na pele, mas que pode se proliferar excessivamente em condições alérgicas ou de umidade, causando coceira intensa, pele avermelhada, oleosa, com odor forte e escurecimento (hiperpigmentação), principalmente em dobras de pele, orelhas e patas.

Identificar qual dessas causas (ou combinação delas) está afetando seu cão exige investigação. Por conseguinte, a visita ao veterinário é indispensável.

Sinais de Alerta: Quando o “Cachorro se Coçando Muito” Pode Indicar Doenças Graves

Embora parasitas e alergias sejam as causas mais comuns da coceira, é vital saber que, em alguns casos, o cachorro se coçando muito pode ser um sintoma secundário ou um sinal de alerta para doenças graves sistêmicas ou condições mais complexas. Portanto, fique atento se a coceira vier acompanhada de outros sinais.

Veterinário examinando de perto a pele de um cachorro com luvas, buscando as causas para o animal se coçando muito.

Problemas Hormonais (Endocrinopatias):

  • Hipotireoidismo: Baixa produção de hormônio tireoidiano. Além de letargia e ganho de peso, causa pele seca, perda de pelo simétrica (nos flancos, cauda – “cauda de rato”), infecções de pele recorrentes (piodermite, Malassezia) que levam à coceira.
  • Síndrome de Cushing (Hiperadrenocorticismo): Excesso de cortisol. Causa pele fina e frágil, perda de pelo simétrica, abdômen distendido, aumento da sede e micção, e também predispõe a infecções de pele que coçam.

Doenças Autoimunes: 

  • Condições onde o sistema imunológico ataca as próprias células da pele (ex: Pênfigo Foliáceo). Causam bolhas, pústulas, crostas, úlceras e perda de pelo, frequentemente acompanhadas de coceira e dor.

Dor Referida: 

  • Às vezes, um cão lambe ou mordisca excessivamente uma área não por coceira primária, mas por sentir dor naquele local ou em uma região próxima (ex: lamber a pata devido a dor articular na artrose, ou a região lombar por dor na coluna). Assim, a “coceira” é na verdade uma tentativa de aliviar a dor.

Estresse e Ansiedade Crônicos (Causas Psicogênicas): 

  • Em alguns cães, o estresse crônico, tédio ou ansiedade (como a de separação) podem levar a comportamentos compulsivos de lamber ou morder partes do corpo (lambedura psicogênica), causando feridas (granuloma por lambedura) e coceira secundária. É um diagnóstico de exclusão, feito após descartar causas médicas.

Neoplasias (Câncer): 

  • Embora raro, alguns tipos de câncer de pele (como mastocitoma ou linfoma cutâneo) podem se manifestar como nódulos, placas ou lesões que coçam intensamente.

Reconhecer que a coceira pode ser um sinal dessas doenças graves em cachorros reforça a importância de uma investigação veterinária completa quando o prurido é persistente ou acompanhado de outros sintomas sistêmicos.

Diagnóstico Veterinário: A Investigação Essencial das Causas da Coceira

Devido à multiplicidade de causas para o cachorro se coçando muito, chegar ao diagnóstico correto exige uma abordagem metódica por parte do médico veterinário. Ou seja, não existe um único teste mágico. O processo geralmente envolve:

cachorro recebendo diagnóstico médico

Anamnese Detalhada: 

  • O veterinário fará muitas perguntas sobre o histórico do cão:
    • Quando a coceira começou? É constante ou sazonal?
    • Quais áreas do corpo coçam mais?
    • Qual a dieta atual e histórica? Quais petiscos recebe?
    • Qual o protocolo de controle de pulgas e carrapatos? Está em dia? Quais produtos usa?
    • O cão tem outros sintomas (digestivos, respiratórios, mudanças de comportamento)?
    • Há outros animais ou pessoas na casa com coceira?
    • O cão frequenta creches, parques? Viajou recentemente?

Exame Físico Completo: 

  • Avaliação geral da saúde e um exame dermatológico minucioso, observando o padrão e tipo das lesões de pele, distribuição da coceira, presença de parasitas, etc.

Exames Complementares (Dependendo da Suspeita):

  • Raspado de Pele: Para procurar ácaros de sarna (Sarcóptica, Demodécica).
  • Citologia de Pele/Ouvido: Coleta de amostras da superfície da pele ou do canal auditivo para examinar ao microscópio, buscando bactérias, leveduras (Malassezia), células inflamatórias ou outras anormalidades. Fundamental para diagnosticar infecções secundárias.
  • Cultura Fúngica/Bacteriana: Para identificar o agente específico da infecção e determinar o tratamento mais eficaz (antibiograma).
  • Luz de Wood e Cultura Fúngica: Para investigar dermatofitose (infecção por fungos como Microsporum, a “micose”).
  • Dieta de Eliminação: Padrão ouro para diagnosticar alergia alimentar. Consiste em oferecer uma dieta com fontes de proteína e carboidrato inéditas (ou uma dieta hidrolisada) por 8-12 semanas, sem nenhum outro petisco ou alimento, para ver se a coceira melhora.
  • Testes Alérgicos (Cutâneos ou Sanguíneos): Podem ajudar a identificar alérgenos ambientais específicos em casos de dermatite atópica, auxiliando em tratamentos como a imunoterapia.
  • Exames de Sangue e Urina: Para investigar causas sistêmicas ou hormonais (doença renal, hepática, hipotireoidismo, Cushing).
  • Biópsia de Pele: Remoção de um pequeno fragmento de pele para análise histopatológica, útil em casos suspeitos de doenças autoimunes ou câncer.

Dessa forma, o diagnóstico é um processo investigativo, e pode levar tempo e diferentes testes para identificar a causa (ou causas, pois podem ser múltiplas) da coceira do seu cão.

Opções de Tratamento: Alívio Sintomático e Ataque à Causa Raiz

O tratamento para o cachorro se coçando muito dependerá inteiramente da causa diagnosticada pelo veterinário. Contudo, geralmente envolve uma combinação de:

Veterinário realizando tratamento no cachorro em sua sala

Controle da Coceira (Alívio Sintomático):

  • Medicamentos Orais: Anti-histamínicos (eficácia limitada em cães), corticoides (potentes, mas com efeitos colaterais a longo prazo, usados com cautela), ou medicamentos mais modernos e seguros como oclacitinib ou lokivetmab (terapia com anticorpo monoclonal), que agem diretamente nas vias da coceira. Sempre sob prescrição veterinária.
  • Tratamentos Tópicos: Shampoos medicinais (calmantes, hidratantes, antissépticos, antifúngicos), sprays, loções ou mousses com ingredientes que aliviam a coceira e ajudam a restaurar a barreira da pele.

Tratamento da Causa Base:

  • Parasitas: Uso rigoroso de produtos antiparasitários eficazes (no animal e, se necessário, no ambiente).
  • Infecções: Antibióticos (para piodermite) ou antifúngicos (para Malassezia), geralmente por várias semanas, conforme prescrição.
  • Alergia Alimentar: Dieta de eliminação rigorosa para identificar o alérgeno e, posteriormente, uma dieta hipoalergênica ou com ingredientes seguros a longo prazo.
  • Dermatite Atópica: Manejo multimodal, que pode incluir controle da coceira, tratamento de infecções secundárias, cuidados tópicos para a barreira da pele, imunoterapia (vacinas de alergia) ou medicamentos específicos a longo prazo.
  • Doenças Hormonais/Sistêmicas: Tratamento específico para a condição diagnosticada (ex: reposição hormonal para hipotireoidismo, medicação para Cushing ou doença renal).

Cuidados de Suporte:

  • Suplementos: Ácidos graxos ômega-3 podem ajudar a reduzir a inflamação e melhorar a saúde da barreira cutânea em alguns casos alérgicos (sempre com orientação).
  • Manejo Ambiental: Reduzir a exposição a alérgenos (limpeza, purificadores de ar), usar roupas protetoras em cães atópicos.
  • Colar Elizabetano: Pode ser necessário temporariamente para impedir que o cão se mutile enquanto a coceira não está controlada.

Lembre-se: O tratamento eficaz requer paciência e acompanhamento veterinário regular para ajustes. Muitas causas de coceira são crônicas e exigem manejo a longo prazo.

Prevenção: É Possível Evitar que o Cachorro se Coce Tanto?

Embora nem todas as causas do cachorro se coçando muito possam ser completamente evitadas (como predisposições genéticas a alergias), muitas medidas preventivas podem reduzir significativamente o risco ou a intensidade do problema:

  • Controle Impecável de Parasitas: Use preventivos contra pulgas e carrapatos o ano todo, rigorosamente como recomendado pelo veterinário. É a medida isolada mais importante.
  • Dieta de Qualidade: Uma boa nutrição fortalece a pele e o sistema imunológico.
  • Higiene Adequada: Banhos regulares com produtos suaves e adequados, secagem completa. Evite produtos irritantes.
  • Ambiente Limpo: Reduza poeira e ácaros em casa com limpeza e aspiração frequentes.
  • Identificação Precoce de Alergias: Se suspeitar de alergia (alimentar ou ambiental), trabalhe com o veterinário para identificar os gatilhos e evitá-los o máximo possível.
  • Check-ups Regulares: Permitem detectar e tratar infecções de ouvido ou pele iniciais antes que se tornem graves e causem coceira intensa.
veterinario examinando cachorro branco bonito

Conclusão: Coceira Excessiva NUNCA é Normal – Aja Pela Pele (e Saúde) do Seu Cão!

A imagem de um cachorro se coçando muito pode até parecer comum, mas é um sinal claro de desconforto que merece investigação séria. Como detalhamos, as causas são variadas, indo desde infestações por parasitas e reações alérgicas até infecções secundárias e, em alguns casos, sendo um reflexo de doenças graves sistêmicas.

Portanto, nunca subestime a coceira persistente. Observe atentamente os sinais, a intensidade, a localização e quaisquer outros sintomas associados. Entretanto, lembre-se que apenas a avaliação criteriosa de um médico veterinário, muitas vezes com auxílio de exames complementares, pode determinar a causa exata do prurido.

Em suma, o diagnóstico correto é o primeiro passo para um tratamento eficaz, que não apenas aliviará o sofrimento imediato do seu pet, mas também tratará a condição subjacente, prevenindo complicações e garantindo sua saúde e bem-estar a longo prazo. Não ignore a coceira; procure orientação profissional e ajude seu melhor amigo a viver livre desse incômodo!

Rafael Dias

Criei este blog para compartilhar tudo o que aprendo no dia a dia com os vários cães que já tive rs.

No universo canino encontrei um hobby — e aqui compartilho dicas práticas para você também cuidar bem do seu cão.

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